Despertamos para o sonho ou do sonho?
“Para o sonho” está mais perto.
Mas na realidade, nenhum dos dois.
Supõe-se que existe uma entidade separada que pode despertar tanto para o sonho como do sonho.
Não existe tal entidade. É uma suposição não examinada. Esse é o fato revelado no despertar.
É isso que deve ser meditado para remover o espinho espiritual que o aspirante carrega em sua mente.
Há um despertar. O despertar revela de forma inequívoca que não há ninguém que acorda ou esteja acordado. E o sonho em si é irrelevante.
Nós somos Consciência. A Consciência não é consciente de “nada”. Nem “nós” estamos dentro da Consciência. Consciência É tudo.
Não há sujeito experimentando o sonho e não há sujeito real no sonho, exceto como uma construção mental e a experiência dos sentidos.
As relações sujeito-objeto SÃO o sonho. Portanto, a noção de um “eu” que supostamente desperta do sonho ou ao sonho é parte do sonho e não tem nenhuma relevância, exceto no sonho.
Tampouco há um problema com o sonho ser um sonho.
Normalmente, as pessoas querem despertar porque seu sonho é desagradável. É justo. Essa é a base do sofrimento e da busca. Mas muitas vezes elas querem afastar-se da dor idealizando a felicidade, de preferência eterna, em algum lugar fora do sonho. Elas estão infelizes e sofrem e projetam uma solução “espiritual” para isso. Esse idealismo permanece não realizado, pois não há fim da busca ou sofrimento naquela projeção.
A personalidade é o sonho, a mente, as emoções, o mundo é o sonho. É o manifestado. Está bem como está. O sonho como um todo não é um problema. É exatamente por isso que a Realização Espiritual pode ser expressa como “não há mais nada de errado”.